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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

"Pai, quero fazer xixi de pé..."

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Estava de férias quando "rebentou" o escândalo dos manuais escolares da Porto Editora. Passei os olhos por alguns comentários, a favor e contra, e com o corpinho ao sol, olhava para a minha filha para tentar perceber se estava a ser educada como um ser inferior aos homens.

 

Cheguei a pensar, "ela diz que a cor preferida dela é o cor-de-rosa, será que fomos nós, os pais, a impor-lhe isso?"

 

Rapidamente me lembrei que ela também gosta de outras cores. Gosta de ver desenhos animados variados, até a Patrulha Pata (um dos seus preferidos), talvez considerado por muitos como um programa para rapazes. No supermercado pede para comprar betoneiras e adora brincar com carrinhos. Mas não dispensa as suas bonecas... 

 

Antes de mais nada, no que toca a educação, é preciso lembrar que todos têm de estar em pé de igualdade (não para fazer xixi). Rapazes, raparigas, ricos ou pobres. Esperem, se calhar neste ponto tem de haver diferenças porque nas famílias mais modestas talvez as crianças tenham maior dificuldade na aprendizagem, por exemplo. Não por culpa própria mas porque as suas bases assim o ditam. Ou estou a ir longe demais?

 

Aquilo que importa reter é que, realmente, existem diferenças entre meninos e meninas. E tudo começa, não com o verbo, mas com a biologia. E isso é bom, saudável, normal. Condeno qualquer tipo de discriminação de géneros (que ainda existe), mas acho que há temas mais relevantes onde intervir do que num manual escolar que nem sequer serve para a escola mas antes para as crianças praticarem nas férias.

 

Não devemos tentar transformar as meninas em meninos, não devemos forçar uma educação politicamente correta de "a minha filha é menina mas tem de fazer coisas de rapaz", de se vestir com roupa de rapaz, ou vice-versa. 

 

A minha filha, desde que entrou para a creche que diz: "papá, quero fazer xixi de pé..." A primeira reação foi, talvez, a mesma que vocês estão a ter, rir-me. Mas, pensando bem, disse-lhe: "Consegues?" - "Não, fico com as pernas molhadas".

 

E lá tive de lhe explicar que existe uma diferença entre meninos e meninas que permite que eles façam xixi desta forma, ao contrário das meninas. - "Também quero ter uma pilinha". Neste ponto, para algumas mentes mais iluminadas, talvez lhe devesse ter dito que podia ser, que havia uma operação para ela poder ter um pilinha. Não o fiz, e espero que não me venha a processar por causa dessa ocultação.

 

Bom, agora já percebeu que sendo uma menina existe essa diferença e na maior parte dos casos, chega a essas conclusões por si (ou nas conversas na escola, não faço ideia). 

 

Pode até ser uma injustiça, e daqui a uns anos talvez ela venha a saber (ou nem querer saber) que existem uns apetrechos que permitem às mulheres fazer xixi de pé. E, da parte que me toca, seria bem mais simples que ela fizesse de pé de cada vez que tenho de fazer ginástica num qualquer WC público quando lhe dá vontade e tenho de lhe pegar, e tentar fazer pontaria.

 

Isto para dizer que, desde muito pequenos, com mais ou menos cuidados, as crianças vão percebendo que existem estas diferenças e também semelhanças, que há coisas que não podem fazer da mesma maneira, mas podem fazer de forma diferente. Não é pior nem melhor, é diferente!

 

Acho que muitos dos que comentam e lançam discussões sobre sexualidade e diferenças entre sexos, que envolvam educação, nem sequer têm filhos ou convivem com crianças desde pequenas. A minha filha, que passa mais tempo com o pai do que com a mãe, seria de adivinhar que fosse mais "maria rapaz", por influência do pai?

 

Não posso falar por todos mas olhando para o convívio com outras crianças, nos jardins, nos parques, nos encontros que a minha filha tem quando brinca, posso afirmar que há diferenças e que elas já vêm embutidas com as criaturas. E ela adapta-se às brincadeiras quando brinca com meninas ou meninos, mais pequenos ou mais crescidos.

 

Generalizar, mesmo com recurso a estudos, que as raparigas são mais espertas do que os rapazes (ou o contrário) é a maior estupidez que existe.

 

Não sei quanto aos restantes mas no meu caso, que fui criado com duas irmãs (e já lá vão uns anitos), e numa família modesta, não me lembro de ser discriminado ou de as minhas irmãs serem proibidas de jogar à bola ou brincar aos cowboys ou de eu brincar com as bonecas delas. A bem da verdade, arrancava as pernas e braços às bonecas, gostava de as desmontar para voltar a encaixar. Muitas vezes, com a perna direita no local da esquerda.

 

Sim, havia as conversas dos adultos sobre as coisas de rapaz e coisas de rapariga. Mas, sem querer ser dono da certeza, fiz o meu percurso e tomei as minhas decisões.

 

E não, ninguém me obrigou a fazer isso. Adorava jogar à bola, ao contrário das minhas duas irmãs e das vizinhas, que achavam pouca piada ao jogo. Mesmo quando queriam jogar, havia sempre aquele pormenor que lhes faltava. Não se ajeitavam. E abro aqui um parêntesis para referir que havia umas colegas (e hoje em dia, felizmente já há mais mulheres a jogar) com jeitinho para o futebol. Mas, por norma, preferiam o vólei ou andebol.

 

E mais uma vez, ao falar deste tema é impossível generalizar pois encontramos exemplos de mulheres que são melhores jogadoras do que muitos homens. Atualmente, há casos de competições onde equipas de raparigas jogam com equipas de rapazes, mas, lá está, a explicação é biológica, mesmo havendo as tais exceções que confirmam a regra.

 

Voltando à infância, as minhas irmãs e amigas preferiam brincar aos papás e mamãs. E eu também brincava, aliás, foi nessas brincadeiras que surgiram os primeiros beijos com as amigas das irmãs, com sabor estranho, a pastilha de mentol (Gorila), na maior parte das vezes.

 

Somos diferentes, e é nessa diferença que devemos alcançar a igualdade. Não devemos tentar transformar as meninas em meninos, não devemos forçar uma educação politicamente correta de "a minha filha é menina mas tem de fazer coisas de rapaz", de se vestir com roupa de rapaz, ou vice-versa.

 

A minha filha, prefere calções a vestidos porque lhe permitem maior liberdade de movimentos. Mas adora vestidos. Brinca com bonecas mas também adora jogar à bola, andar de bicicleta (vermelha porque não havia em rosa, a cor que ela queria). Já disse que é a cor que ela prefere?

Há uns anos (por incrível que possa parecer a uma grande maioria) não havia smartphones, nem Google, nem Internet, mal havia televisão e eram apenas dois canais (a preto e branco, porque lá em casa, quando houve dinheiro para a primeira televisão, o colorido era um luxo incomportável)

Também veste de azul, aliás, tem mais roupa de outras cores do que rosa, e não chora nem reclama por causa disso. Podemos fazer todos os estudos possíveis, mostrar evidências que as meninas se conseguem concentrar mais do que os meninos que só pensam em atividades mais físicas. Mas isso, meus amigos, faz parte da natureza (e da educação, claro está, mas muitas vezes uma educação que força num determinado sentido).

 

Podemos andar vestidos, aparar os pelos mas, a não ser que se venha a comprovar que realmente a mulher foi feita a partir da costela de Adão, por mais que tentemos civilizar as coisas, a natureza está nos genes.

 

Vou-lhe fazendo as vontades, dentro dos limites que considero justos, nem sempre em harmonia com a mãe, mas lá vai crescendo. Sei que quando chegar à idade do armário, com o feitio vincado que tem, ou tenho sorte, ou vai ser uma fase do pior. E haverá coisas que terei de travar, para o seu próprio bem! Porque sei, ainda me lembro, das coisas que fiz quando era mais novo e que poderiam ter dado para o torto. Experimentar é bom, mas é preciso ter algum controlo porque, nessas idades, somos facilmente influenciáveis.

 

A igualdade da diferença

Os homens, não podem dar à luz. E sim, é preciso haver incentivos, regras diferentes para permitir que as mulheres não percam oportunidades de carreira por causa da maternidade. Tal como se deve permitir que os pais (os homens) possam usufruir e participar da educação dos filhos desde que nascem.

Mas, reparem, já alguém viu um homem a amamentar? Vamos manter a conversa com nível, certo?

 

O leite materno é das melhores coisas que um bebé pode beber nos primeiros meses de vida e, salvo os casos em que isso não é possível, porque há mulheres que não conseguem amamentar, por diversas razões, é preciso dar-lhes esse tempo.

 

Mas há diferenças, discriminações pelas quais devemos lutar para que acabem. Como já disse, venho de uma família modesta. A cultura a que os meus colegas de famílias com mais posses tinham acesso, era bem diferente da minha. Reparem, na altura não havia smartphones, nem Google, nem Internet, mal havia televisão e eram apenas dois canais (a preto e branco, porque lá em casa, quando houve dinheiro para a primeira televisão, o colorido era um luxo incomportável).

 

E, hoje em dia, essa discriminação continua a existir. Insistimos em dar a mesma educação a crianças de famílias com diferentes origens. Mais uma vez, não estou, nem me incluo numa espécie de grupo com necessidades especiais mas, sejamos honestos: se uma criança nunca ouviu os pais falar de Camões, Eça ou Cesário Verde (a não ser que haja algum bacano com essa alcunha lá pela zona), talvez haja uma necessidade de maior atenção quando chega este momento da matéria. 

 

Claro, os alunos que trazem mais bagagem não têm culpa, mas terão culpa os que trazem menos? Não é de igualdade de oportunidades que falamos?

 

Talvez haja lutas mais dignas ao nível da igualdade do que uns meros livros com cores diferentes ou tentar fazer leis que permitem a um adolescente colocar os pais em Tribunal porque não o deixam mudar o registo. Para não me alongar, voltarei ao tema...