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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Choram quando ficam na escola, e de que maneira!

A caminho da escola 

Depois do que escrevi no último texto, sobre a adaptação da minha filha a esta nova realidade que é a escola, é preciso esclarecer que a ficha caiu. A minha pergunta do texto anterior era se as crianças choravam quando ficam na escola.

 

Uma semana depois, tal como previram alguns "oráculos", a Marta chora quando fica na escola. Tem de passar por isto, como todas as crianças. Alterar a rotina de três anos, em que sai do conforto de casa, da companhia do avô ou da ama, saber que já não pode fazer o que está habituada, está a ser difícil de gerir.

 

À noite pergunta pela professora, pelos colegas, de manhã solta o sentimento de recusa em ficar na escola. Agarra-se ao pescoço do pai e da mãe como se a estivéssemos a abandonar. É tudo aquilo que ouvimos da boca de outros pais durante meses a fio. Uma dor de alma!

 

O grande receio dela tem sido dormir na escola, algo se deve ter passado neste departamento e a professora ficou de perceber o que terá sido.

 

Acredito que esta seja a realidade "normal" nestas situações mas estou a assistir a uma nova faceta da minha filha que desconhecia: o receio de ficar "sozinha".

 

Nunca, desde que está em casa, ficou com os pais em casa, com excepção do fim de semana. Saíamos para trabalhar e ela acenava, dizia até logo, abracinho, dá mais cinco, e lá ficava na vidinha dela. Agora, obriga-nos a sair do colégio com o coração apertado.

O meu maior receio é que venha a alterar o seu perfil amigável, a sua socialização quando está com outras pessoas, outras crianças. 

Mas, desde que isto sucede, quando estamos juntos à noite e lhe perguntamos o que se passou na escola nesse dia, diz: "oh, hoje chorei."

- Choraste, então porquê?

- Oh papá, tinha saudades tuas e queria dar um abracinho!

 

Chantagem emocional com o pai ao mais alto nível, que tabém já faz com a mãe quando percebeu que só com o pai não resulta. Vai ter se passar por isto, vai ter de se habituar a esta nova realidade. Para os pais que estão a passar pelo mesmo, pela primeira vez, não sintam remorsos. Custa, mas também os ajuda a crescer. E enquanto digo isto, estou cheio de vontade de a ir buscar ao colégio para a abraçar.

 

O que tenho tentado, aparentemente sem sucesso, é dizer-lhe que quando estiver com saudades, fechar os olhos e fazer de conta que me está a abraçar, porque estou sempre a pensar nela. Sei que percebe o que quero dizer, mas não tem resultado.

 

Passados alguns minutos de choro acalma e volta às brincadeiras com os colegas, com a professora. E sei que amanhã voltará ao mesmo, até se habituar a esta nova rotina. Mas custa deixá-la chorar, como nunca chorou! Sempre foi uma criança cheia de sorrisos e o choro não passava de uns meros soluços. Bem, excepção para uma ou duas tentativas de birra que rapidamente passaram.

 

Agora, esta atuação, que nos faz sentir os piores pais do mundo, é uma novidade e deixa-nos o dia todo a pensar se faz sentido. O meu maior receio é que venha a alterar o seu perfil amigável, a sua socialização quando está com outras pessoas, outras crianças.

 

Como todos os pais, tentamos gerir da melhor forma. Mas, é difícil combater a incerteza de estarmos a fazer bem ou mal. Só nos resta seguir o instinto de pais e os conselhos da educadora e do pediatra, mais habituados a estes cenários, que se repetem ano após ano.

 

E começar a pensar em esconder os cabelos brancos...

Os filhos choram porque ficam nos infantários?

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Regressado de férias, gostava de dedicar esta conversa a uma fase nova na vida dos pais. A entrada dos filhos no colégio, pela primeira vez.

 

Esta é uma das maiores dúvidas dos pais. Ou certezas, porque não existe uma receita única e cada criança, cada pessoa, age de forma diferente perante a mesma situação. Aquilo que posso falar é sobre a adaptação da minha filha que este ano, já com três anos feitos de fresco, entrou pela primeira vez no infantário.

 

Como nasceu no final de agosto, foi fácil a conciliação da idade com a entrada na escola. Ainda me recordo dos colegas que entraram com cinco anos na primária, porque nasceram no mês de dezembro, ou janeiro e os professores permitiam a inscrição um pouco mais cedo.

 

Desde que nasceu, e passados os períodos de licença a que eu e a mãe tínhamos direito, que fica em casa. De manhã com o avô, que já vai com 83 anos, e à tarde, com a ama. Optámos por esta versão porque o custo da ama é semelhante ao de um colégio e os seus prolongamentos. Além disso, evitámos sujeitá-la a todas as doenças antes dos três anos.

 

Bem sei que neste primeiro ano, provavelmente, vai apanhar tudo o que é bicharoco. Mas, pelo menos assim o dita a medicina, vai com um sistema imunitário mais forte e composto.

 

Esta foi, também, a recomendação do pediatra. Até aos três, tudo bem, a partir dos três, é "obrigatório" ir para a escola. E ela já sentia falta. Em todo o lado, os olhos brilham quando vê outras crianças. Nunca esteve fechada em casa, sempre foi brincar ao jardim, várias vezes ao dia, com outras crianças.

Esta é uma nova fase na vida da minha filha e na dos pais. Está a crescer, sentimos que está a deixar de ser bebé e que rapidamente vamos acordar a olhar para uma jovem mulher, pronta para deixar o ninho.

E, nas férias, é uma alegria ver o nível de socialização que desenvolveu. "Olá, eu sou a Marta, tenho dois e tu como te chamas tu?" Esta é a frase de apresentação que adoptou. E, acreditem, não foi treinada para a dizer dessa forma. Além disso, na maior parte das vezes ainda faz as apresentações completas: "Este é o papá, esta é a mamã!"

 

Tem mostrado ser uma menina bastante sociável. Em brincaderia costumamos dizer que no pior dos cenários será relações públicas.

 

A chegada à escola 

Apesar de tudo, apesar de saber que ela nos "ignora" quando está com outras crianças, sentia aquele receio de a deixar no infantário. Logo no primeiro dia, chegou, viu crianças, e os pais passaram para segundo plano. Lá veio dar o abracinho e beijinho de despedida, mas os olhos mostravam uma alegria imensa.

 

A conselho da educadora, "convém fazer a adaptação e vir buscá-la antes de almoço". Entretanto, chega uma criança, com uns cinco anos, e já dois ou três de colégio, a chorar. Não queria ficar. Temos visto crianças mais tímidas, que se agarram aos pais como se as estivessem a abandonar. Mas a escola é crucial e é preciso ter força para vencer aquela espécie de chantagem emocional que as crianças dominam como ninguém.

 

A Marta, por seu lado, entristeceu quando a fomos buscar. Claro, passado uns minutos estava feliz a fazer outra coisa, a brincar com os pais. No dia a seguir, já ficou para almoço e ao terceiro dia passou a assumir o dia inteiro. E acorda ao fim de semana a perguntar se pode ir para a escola.

 

Lá tentamos explicar que ao fim de semana não há escola, tal como os pais que não trabalham nesses dois dias (tem dias,,,). É nesta altura que percebemos que estamos a treinar a criança para os processos sociais, para os ritmos da vida alucinada que temos. E, mesmo sem ela perceber, repetimos os conselhos o que ouvimos quando éramos miúdos: "Aproveita agora porque quando fores grande vais ter menos tempo para brincar".

 

No entanto, acrescento sempre: "O mais importante é seres sempre feliz e não deixes que ninguém te estrague essa alegria". Ela diz que sim, não sei se percebe exatamente o que lhe digo, mas acredito que alguma coisa deve lá ficar.

 

Quanto ao gosto pela escola, pode ser que ainda mude e, certamente, vai haver dias em que ir à escola será mais um "sacrifício". Dizem algumas educadoras e auxiliares (com ampla experiência de colégio) que "a ficha por vezes só lhes cai mais à frente", mas, por enquanto, está a adaptar-se lindamente.

 

Esta é uma nova fase na vida da minha filha e na dos pais. Está a crescer, sentimos que está a deixar de ser bebé e que, rapidamente, vamos acordar a olhar para uma jovem mulher, pronta para deixar o ninho. Ainda este fim de semana estivemos com uns amigos e os filhos deles. Crianças que vimos desde bebés, que tivemos ao colo, e que estão uns jovens, a mais velha, maior do que a mãe. A bem da verdade, a mãe não é muito grande, mas mesmo assim, a filha está alta.

 

Para quem costuma acompanhar o blogue, sabe que em meados de agosto fui convidado pela Fátima Lopes para falar sobre esta coisa de ser um pai presente na vida da filha. O facto de o tema ser notícia é, já por si, sinal que algo está errado. Porque razão os pais são sempre desconsiderados no que diz respeito à educação dos filhos? Já não vivemos na era em que o homem sai para caçar e a mulher fica a tomar conta dos filhos. Afinal, carne está à venda no supermercado e não anda a fugir por vales e montes.

 

 

Mas, quem viu o programa, ou me conhece, sabe que criei laços com a minha filha. Sabe que defendo que os pais também devem estar presentes e participar na educação dos filhos.

 

Por isso, sentir esta ansiedade, este misto de orgulho e medo, por ver os nossos filhos darem mais um passo em direção à sua autonomia é normal. É a ansiedade do incentivo para o primeiro voo para fora do ninho. Estamos a fazer tudo bem, agimos mal? Não sabemos. 

 

Muitas vezes vemos situações em que os pais se questionam onde erraram na educação dos filhos. Pela minha experiência, digo que cada criança, educado da mesma maneira, pode seguir por um caminho diferente, perante a impotência dos pais.

 

Não acredito numa receita única para a educação de um filho e por isso temos sempre a sensação de incerteza. Mas há uma coisa que um pai e uma mãe podem fazer, sempre. Amar os filhos, mesmo quando eles estão empenhados em testar a nossa paciência até ao limite. Mesmo quando me zango com a minha filha, faço questão de lhe dizer que a amo, mas que não pode fazer aquilo. E quando penso que falei para o boneco, eis que ao deitar, já no escuro, antes da despedida noturna, ela diz: "papá, amanhã não me vou portar mal".

 

É impossível ficar indiferente, e só me apetece abraçá-la e cobri-la de beijos. Mas contenho-me, digo que fico feliz pela atitude e que iremos ver como corre o dia seguinte.

 

É um cliché, mas está a crescer, e depressa!

 

Tenho a certeza que, tal como eu e a minha mulher, há centenas de casais a passar por este momento, e tantos outros que já passaram. Muitos que, sem alternativa, tiveram de deixar os filhos, ainda com meses, nos infantários. Mas cada história é diferente. Sintam-se livres para partilhar as vossas nos comentários.