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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Acabei de descobrir que existe o Men Going Their Own Way

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Sempre segui a máxima que aprendemos até morrer. Eu vivo para aprender, e ensinar o pouco que sei. E escrevo hoje para dar conta de um movimento que desconhecia até alguém o ter espetado num dos comentários à conversa que publiquei anteriormente.

 

Autodenominam-se Men Going Their Own Way, ou pela sigla MGTOW. Ao ver isso nos comentários, lá fui pesquisar o significado. Fiquei pasmado, deva dizer-se, que exista um tão grande número de homens que fogem das relações com as mulheres e que, sem querer fazer juízos, nem sequer gostam de homens também. Do ponto de vista amoroso, leia-se.

 

Acho o conceito estranho e muito difícil de perceber. Sou até capaz de compreender pessoas que odeiam estar com outras pessoas, em sociedade. Distúrbios que fogem àquilo que podemos considerar a forma normal de agir da espécie humana, do ser social. Mas recusar, simplesmente, as relações amorosas com o sexo oposto, por receio de sofrer, é algo que não compreendo e nem vou perder muito tempo a tentar perceber.

 

Percebo, no entanto, que haja opções sexuais diferentes das minhas. Aceito que haja pessoas que sintam atração sexual por outras pessoas do mesmo sexo mas custa interiorizar pessoas que, simplesmente, odeiam as mulheres, porque sim. Quer dizer, lá terão as suas razões que, como já disse, me custa compreender.

Divergimos, discutimos ideologias (muitas vezes termina com, fica com a tua que eu fico com a minha) mas daí a pensar sequer que poderia haver um movimento MGTOW vai um longo e tortuoso caminho!

Para mim, tudo assenta no amor. E o amor é mais do que sexo. Há atração sexual, desejo, daqueles que só de pensar nos percorrem o corpo com uma vontade imensa de fazer alguma loucura, e há amor por alguém de quem gostamos muito, onde se inclui a simples amizade. E quando as duas coisas se conjugam, é uma explosão de euforia, fogo de artifício do bom, não daquele que o Salvador Sobral criticou no Festival da Canção.

 

Por isso, desde que fiquei a conhecer o MGTOW só penso em OMG (Oh My God), isto existe. Talvez tenha andado distraído, fechado no meu casulo porque o tema, simplesmente, não me interessa. Não me diz nada e só me provoca indiferença. Talvez, ao falar dele, esteja a romper com alguns dos princípios que sigo na vida. Falar, talvez seja fazer propaganda gratuita. Mas não me parece que haja homens a querer aderir por causa do que escrevo. Creio que os que se identificam com o tema o conhecem e serão eles a engrossar o movimento.

 

Da mesma maneira que considero que os movimentos e discursos feministas inflamados em nada contribuem para a melhoria das relações, para a conquista dos direitos de igualdade, também acredito que esta guerra dos sexos deve ser travada de forma saudável e desafiante. Nada como um bom "picanço" para nos deixar os sentidos alerta. Uma pequena troca de palavras (com nível) pode provocar mais sensações do que um beijo. Liberta-nos a imaginação, o cérebro comanda todos os nossos póros e deixa-nos em ponto de rebuçado.

 

Como não tenho por norma (salvo raras excepções de ofensas graves e palavreado despropositado) apagar comentários dos meus textos, sinto que esta conversa faz todo o sentido. Até para explicar às mulheres que este homem que escreve estas conversas, que são de homens, mas também para as mulheres, respeita o feminino em todas as suas virtudes. E mesmo em alguns defeitos!

 

Esta conversa começou a ser escrita há uns dias e esta semana, numa troca de impressões com uma amiga no Facebook, a propósito do feminismo, fui acusado de fazer uma grande confusão sobre o que é o feminismo. Não estou confuso e estou bem ciente que não se trata do oposto de machismo.

 

As definições são bem distintas. No entanto, há mulheres que se dizem feministas e que agem mais perto de um feminismo machista do que na defesa da essência do feminismo, Mas, como costumo dizer, não passam de rótulos. E para mim, rótulos, ficam bem é nas garrafas de vinho que gosto de esvaziar em partilha (na verdade, prefiro cerveja). Não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que sou o maior defensor dos ideiais feministas. Para mim há coisas que nem sequer deveriam precisar de discussão e o direito à igualdade de oportunidades é uma delas.

 

 

Apesar de, como já disse, defender a igualdade de direitos, também defendo que existem diferenças entre os dois sexos. E isso é uma coisa boa. Masculino e Feminino completam-se, são a harmonia da natureza.

 

Esta questão que a natureza criou (ou para os crentes, indo pela história de Adão e Eva) nada tem a ver com o direito à igualdade de oportunidades profissionais, ou em casal. Quem me segue aqui sabe que lá em casa as tarefas são divididas mas há coisas que odeio mesmo fazer, outras que ela também não gosta e como tal, dividimos. Mas nem tudo é harmonia.

 

Eu, por exemplo, sou capaz de dar algum descanso aos pratos antes de os lavar, mas acabo por o fazer. Ela, tem de os lavar logo! Prioridades pessoais. Haverá mulheres que se encaixam mais na minha tese e homens na tese que a minha mulher defende!

 

Quando cozinho, deixo tudo limpinho ainda antes de terminar e ela até pode estar sentada no sofá. Ela, por exemplo, prefere ir dando ordens para eu lavar o tacho, untar a forma... não é uma queixa, até gostamos de fazer as coisas em conjunto, são feitios. Mas quando me apetece fazer um bolo de cenoura, ou arroz doce, e ela prefere ficar sentada, e diz "vais fazer isso agora?", não me queixo! Faço e quando termino, saio da cozinha e regresso à sala ela pergunta - "não trouxeste uma fatia?"

 

Temos opiniões e maneiras de ser diferentes, somos diferentes, juntamos as diferenças e fazemos peças completas. Divergimos, discutimos ideologias (muitas vezes termina com, fica com a tua que eu fico com a minha) mas daí a pensar sequer que poderia haver um movimento MGTOW vai um longo e tortuoso caminho!

 

Para terminar, viva as mulheres, que são as mães deste mundo!

Afinal, como pode uma mulher "arranjar" um homem?

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A conversa provocada pela pergunta da minha filha levou a uma continuidade sobre o tema. Afinal, como pode uma mulher arranjar um homem? Bem, para começar, tenho de me preparar para a próxima investida que ela possa fazer sobre o tema (e rezar para que as novidades no questionário estejam na matéria que vou estudar).

 

Depois, pelo que me apercebi, através de comentários, alguns colocados publicamente mas outros, a maioria, privados (e assim vão continuar), há muitas mulheres adultas a fazer a mesma pergunta. Vamos ver se consigo contribuir de alguma forma para ajudar algumas a encontrar o que procuram.

 

Há os mais românticos, que oferecem flores, se recordam das datas importantes; os machos latinos; os submissos; até aqueles que enquadro na categoria de bestas. E até estes últimos conseguem ter a sorte do seu lado e conquistam mulheres.

 

Mas não são estes estereótipos que definem o homem que as mulheres procuram, se assim fosse, a resposta seria simples. Não é!

 

Desde que me lembro de começar com os namoricos, e sempre que puxo por essas memórias, consigo ir muito antes da idade dos 14 anos, há uma coisa que a minha mãe me ensinou e que me serviu sempre. Respeito mútuo! "Um dia, quando te casares, trata bem a tua mulher", dizia a minha mãe. E porque sempre tive por ela um grande carinho e respeito (não sou um filho exemplar, também tive os meus maus momentos), segui sempre esse conselho.

 

Podem até pensar que a influência também está na envolvente familiar. Não está, esse tema fica para outra conversa, mas a minha mãe, que partiu demasiado cedo, não foi tratada como merecia. Longe disso! O meu pai esteve na Guerra Colonial, na Guiné, e digo apenas que, apesar de tudo, sobrevivemos!

 

Mas, voltando ao tema desta conversa, o respeito é a base de qualquer relação, de amizade, de amor, de pai, de filhos. Quando não há respeito, dificilmente irá haver qualquer outra coisa. Quer dizer, pode haver outra coisa qualquer, mas não a coisa que queremos. Apesar de, por vezes, basta essa coisa que todos queremos!

Convém esclarecer que não tenho uma receita milagrosa. Quem quiser milagres, pode preparar a visita a Fátima, ou a fazer uma investida pelos Santos Populares, em especial pelo Santo António. 

Ao longo da vida, desde muito cedo, tive de viver, como a maioria de nós, com o estigma de não ser o gajo mais bonito da escola. Bem, se calhar, nem estar no top 10. E, por isso mesmo, as raparigas de quem "todos" gostavam, as top, estavam sempre fora do alcance pois só tinham olhos para os rapazes que circulavam nesse patamar reservado apenas a alguns.

 

Era uma chatice. Os namoros eram, quase sempre, previsíveis. A menina loira, iria, certamente, namorar com o rapazito loiro. Tal como a chinesa teria de namorar com o chinês (mesmo que a única coisa que os ligasse fossem as feições e um fosse chinês e outro japonês). Eram os preconceitos da época e que, infelizmente, ainda existem. Mas já lá vamos!

 

Por isso, todos os outros, os que vivíamos abaixo dos "deuses", fazíamos tudo para conseguir trocar um único olhar com as raparigas "bonitas". A natureza não deixa nada ao acaso e acaba por nos dotar de ferramentas para conseguir lá chegar. O esforço, a dedicação, a atenção aos pormenores são essenciais para conseguirmos furar o destino. E por diversas vezes consegui provar que o preconceito não passava disso mesmo. Na vida, salvo as tais excepções que ainda hoje fazem com que as figuras públicas apenas criem relações com outras figuras públicas, é possível encontrar dezenas de casos de amores "imprevisíveis".

 

Mas, porque razão isso acontece e como podem as mulheres (as que procuram), encontrar o homem que pretendem? Precisam de saber escutar mais do que as amigas (que também são concorrência feroz nesta demanda) e ir além dos preconceitos. Precisam de ouvir o coração. Não têm de o seguir cegamente (e é aqui que convém envolver a cabeça) mas precisam de o ouvir!

 

Quando a minha filha iniciar esta fase da vida, espero estar cá e à altura dos conselhos que ela precisa. Estarei sempre ao seu lado para a apoiar e tentar minimizar os danos. Mas sei que, na maior parte das vezes, a decisão tem de ser dela (e tenho a certeza que em alguns casos vai custar a engolir), e que, provavelmente, ela pouco ou nada me irá querer ouvir.

 

Acredito que é o mesmo que se passou com a maioria das mulheres que hoje em dia ainda procuram "o homem"! Por mais que os pais (plural, porque inclui as mães) as tenham guiado, na maior parte das vezes foi mais fácil seguir as indicações das amigas, da tendência do momento. Escolher o namorado é um bocado como optar pela calça de ganga com cintura rebaixada... está na moda!

 

Quantas vezes o namorado foi escolhido porque era a melhor forma de chocar os progenitores? Faz parte da rebeldia mas, muitas vezes, passar esta fase sem danos graves é uma questão de sorte. Muitas mulheres acabam por sofrer com as escolhas. E antes de me rotularem de machista e sexista, os homens também passam por isto mas, por diversas razões que podemos abordar noutras conversas, é preciso dizer, existe uma diferença no que respeita ao género.

 

Desde logo porque as mulheres são um alvo fácil dos abusos. Podem sofrer danos que as irão marcar para o resto da vida. Nem sempre fáceis de colocar naquele cantinho das memórias para esquecer. E os homens, por mais evolução que exista, serão sempre homens.

 

Uma história dentro da conversa

Ao escrever este texto chego aqui e recordo uma história que se passou na secundária. Estava no meu passatempo favorito, a jogar vólei, quando uma colega me chama com ar aflito - Podes vir ali comigo? A M. está na enfermaria.

Sem perceber bem o que se estava a passar, o facto de estar na enfermaria foi suficiente para me deixar o coração mais acelerado do que o exercício físico - o que se passou, caiu? - perguntei.

- Não, ela está bem, está só a chorar! - disse a M.J.!

- Se está a chorar, não deve estar bem - respondi.

- Sim, mas não caiu nem nada - replicou ela - já vais ver, ela quer falar contigo!

- Está bem - disse eu - agora é que fiquei mesmo curioso!

 

A M. nem sequer era uma as raparigas com quem me dava mais naquele ano e, além disso, até era uma das mais bonitas da escola!

 

Entrei na enfermaria e ela estava deitada na marquesa, enroscada, a chorar - então, que se passa? - a pergunta desencadeou um aumento no volume do choro!

Entre soluços, e como também não me recordo exatamente de todas as palavras, lá me contou - fui violada!

 

Esta afirmação soou a algo saído de um filme de terror, daquelas coisas que já se ouvia mas que estavam sempre longe de nós. Só aconteciam aos outros.

- Foste violada, quem foi o gajo? - saltou logo a pergunta, pronto para fazer justiça. Afinal, como irmão de duas raparigas, sempre houve esse sentimento de proteção máscula!

- Não interessa, aconteceu e não sei como contar aos meus pais!

- E o que queres que faça, que seja eu a contar? - perguntei, de forma retórica, no íntimo esperava que não fosse isso que ela queria. Nem sequer conhecia os pais dela.

- Sim, não te importas? - respondeu ela - eles estão lá fora, à espera!

- Agora? - tremi!

- Sim.

Voltei-me para a M.J. - agora? Eu nem os conheço.

- Eu vou contigo.

- Mas porque razão querem que seja eu a contar? - Até hoje estou sem resposta a esta pergunta, acredito que tenha sido escolhido porque sempre mostrei respeito por todas as raparigas com quem me cruzei. Bem, provavelmente algumas podem ter coisas a apontar, (longe de ser perfeito), mas de falta de respeito, nenhuma me pode acusar!

 

Lá fui, de pernas trémulas, em direção à porta da escola onde estariam os pais da M. Aguardavam dentro do carro. Entrámos, eu e a M.J.

 

- O que se passa afinal com a M.? - perguntaram eles com um tom estranhamente calmo.

- Não sei bem como dizer isto sem ser de forma direta, a M. foi violada.

Foi neste momento que as expressões deles mudaram. - Quer dizer, ela está muito nervosa e não consegue explicar-se muito bem, mas diz que foi forçada, que não queria, mas que aconteceu! - Foi nesta altura que percebi que estava a tentar contar a história, como me foi contada e que não fazia muito sentido.

- Foi o namorado - acrescentei - estavam lá em casa e a determinada altura ela queria, mas depois não queria, e aconteceu na mesma!

O pai aparentou um ar de relaxe e perante o meu nervosismo, tentou acalmar-me - Está bem, então ela está nervosa porque aconteceu e não propriamente porque foi forçada? - perguntou!

- Acho que sim, pelo que conta está mais com medo da vossa reação do que propriamente com o que sucedeu. Mas se ela não queria, ele não deveria ter forçado e acho que devia ser castigado - respondi, armado em cavalheiro.

- Nada disso - disse o pai - não queremos cá vinganças nem lutas! Nós tratamos do assunto, não precisas de estar nervoso e preocupado. A M., consegue vir cá fora? - perguntou o pai!

- Não sei, podemos ir lá falar com ela - e fomos!

 

Depois de a convencer que os pais estavam calmos e que não iria levar uma tareia pelo que se passou, acalmou e foi ter com os pais. Não sei o que falaram depois, mas mais tarde agradeceu-me pela minha intervenção no tema. Sinceramente, na altura senti que não fiz mais do que passar a mensagem, mas à distância, percebo que foi crucial, pelo menos para ela, conseguir esta ajuda para enfrentar os pais com o tema. Reagiram, devo dizer, de forma exemplar. Porque razão fui escolhido para a tarefa? Não faço ideia!

 

Mas, até hoje, sempre evitei "forçar", mesmo quando as coisas estavam no ponto de ebulição. Sempre me ficou na memória aquele momento sofrido pela M.

 

Feita esta adenda á conversa, voltamos ao essencial. As mulheres estão, regra geral, em situação mais fragilizada. Não são inocentes, são uma tentação, mas quando as coisas correm para o torto, saem sempre mais penalizadas. E espero que a minha filha nunca sofra demais com isto. Pois tenho a certeza que será quase impossível protegê-la. Posso apenas dar-lhe as ferramentas (e isso inclui um curso de defesa pessoal) para que saiba lidar com o tema e tenha a frontalidade de me procurar, ou à mãe, para a ajudar.

 

E, perante isto, creio que as mulheres conseguem "arranjar" um homem desde que procurem o respeito e não outros aspectos, que também contam, como é óbvio, mas que nem sempre são os atributos necessários para fazer uma relação durar. Muitas só se apercebem disto já adultas, depois de algum sofrimento. Faz parte do processo de aprendizagem e crescimento mas, se há coisas que podem ser evitadas, com os exemplos, porque não tentar?

 

Eu, pessoalmente, sofri de amores. Nunca fui o rapaz que nasceu em berço de ouro, longe disso, lutei bastante para chegar onde cheguei e olhando para trás, quando penso no tema, será difícil aceitar que a minha filha caia de amores por um rapaz como eu era. São os tais preconceitos que nos atingem a todos.

 

Sinto-me um felizardo, respeito a mulher que me acompanha, que partilha a vida comigo, mas sofri de amores. E esses vão marcar para toda a vida. Mas faz parte do processo! E pelo percurso de vida, foram muito relevantes as influências das pessoas com quem me cruzei.

 

Por fim, acho que vale a pena reforçar o tema da beleza. Não vamos fazer de conta que isso não tem influência. Tem, e muita, mas o ideal de beleza tem diversos patamares. Há muita coisa que se consegue com alguns cuidados extra. Vejam, por exemplo, Cristiano Ronaldo. Não sou mulher, mas ele talvez seja um dos homens mais cobiçados. Tem um belo físico mas, imaginem que crescia sem ter acesso a todos os cuidados que tem tido com o corpo, ortodôncia e afins...Talvez fosse mais um homem banal, nem feio, nem bonito, apenas um homem.

 

E o mesmo vale para as mulheres. Já o disse noutras conversas, que cada mulher tem o seu corpo e que o excesso de peso, pior do que beleza, está relacionado com problemas de saúde. Já fui criticado por isso mas repito, mantenham-se em forma. Não digo muito mais e termino com esta imagem que deu origem a tanta conversa... Respeitem e exijam ser respeitadas. Sejam felizes, sejam vocês mesmas, sejam mulheres confiantes, é disso que os homens (aqueles que interessam) gostam!

Parabéns, Salvador. Mas como vai ser depois da euforia?

Salvador Sobral Eurovisão

 

Eu sou daqueles que desde o início manifestei espanto perante a euforia em redor do Salvador Sobral e do seu "Amar pelos Dois". A letra é bonita mas, essencialmente a interpretação, não me enche as medidas. Ainda bem, para o Salvador, que o júri do Festival da Canção pensa de maneira diferente e premiou com o primeiro lugar o representante português.

 

Mas, não pretendo escrever uma ode ao Salvador ou cair na tentação das comparações fáceis aos milagres de Fátima, ao facto de se chamar salvador e a vitória acontecer num dia em que o Papa visita Fátima para canonizar os pastorinhos e enaltercer o culto mariano.

 

Não acredito que seja este um dos segredos revelados há 100 anos por Nossa Senhora aos três pastorinhos. Coincidências, às quais se junta ainda o Tetra do Benfica? Talvez um dia venhamos a saber.

 Odeio as modas que surgem como ondas, vivem até à rebentação. Depois, fica apenas a espuma, que se vai desvanecendo. Até quando vai durar a euforia com Salvador Sobral?

O que importa realçar aqui, deixando de lado a conquista benfiquista e a visita de Francisco, é o passado e futuro de Salvador Sobral. Para os mais desatentos, ele já cantava antes do Festival da Canção. Tinha até editado um disco que pouco ou nada vendeu até há meia dúzia de dias em que a euforia festivaleira levou a uma corrida às lojas. "Está a vender bem, agora, ainda bem", realçou Salvador Sobral na conferência de imprensa após a conquista da Eurovisão. Eu, por exemplo, conhecia a irmã, mas desconhecia a sua existência. Ouvindo alguns temas antigos, recordo alguns que já me passaram pelos ouvidos, mas nada que me tenha ficado retido ou feito ficar fã.

 

Como artista, deve estar satisfeito mas ele promove uma paixão pela pureza da música e não por festivais, imagine-se. "A música não é fogo de artifício, é sentimento", defende o vencedor do Festival da Canção. Pois, para mim, que adoro um bom fogo de artifício, a música é também tudo isso. E as duas juntas podem fazer arrepiar até as almas mais duras.

 

Mas, como disse, aquilo que me leva a escrever este texto está mais realcionado com a euforia que continuo a não entender. Porque, reparem, se não fosse o Festival da Canção, provavelmente, morreria de fome, ou teria de procurar outros destinos para sobreviver da sua arte (como tem feito até aqui).

 

E este é também um alerta para dezenas, centenas de outros artistas que se encontram na mesma posição em que estava Salvador Sobral antes da Eurovisão, mas que não conseguiram, ainda, chegar à oportunidade conquistada pelo representante português no Festival realizado na Ucrânia.

 

Os eufóricos, estão prontos para encher as redes sociais de posts em favor dos artistas, cantores, atores, alguns até com provas dadas, e que vivem vidas de miséria?

 

Os 30 milhões

Agora, cabe à RTP, a Portugal, organizar a próxima edição do evento. 30 milhões de euros será o investimento necessário e já se começa a ouvir críticas sobre os custos. Mas isso agora não interessa nada. O que interessa é que Salvador tem pelo menos um ano para conseguir estar na ribalta. Depois, quando passar a euforia, voltará ao mesmo.

 

Os discos deixam de vender, o seu trabalho continuará a ser visto apenas pela meia dúzia que já gostavam e seguiam o seu trabalho, a fazer downloads piratas ou a ouvir as músicas no Youtube (sem pagar e sem dar o merceido lucro ao artista) e os astros voltam a alinhar-se. Transformar Salvador Sobral em "herói nacional" não é mais do que cavalgar a onda do marketing efémero que, mais rápido do que cria, destrói vidas e carreiras.

 

Podem atacar-me o que quiserem. Podem dizer e pensar até que sou um ateu. Mas não se trata nada disso. Odeio as modas que surgem como ondas, vivem até à rebentação. Depois, fica apenas a espuma, que se vai desvanecendo. Até quando vai durar a euforia com Salvador Sobral?

 

Para os eufóricos, talvez a letra diga mais do que pensam:

"Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez devagarinho possas voltar a aprender"

 

Aqui fica o vídeo da atuação na final

 

Hoje estou triste e irritado, por causa de conteúdo de merda!

youtubers.jpeg Hoje estou assim, triste e irritado. Ao olhar para o Jornal de Notícias de 4 de maio, que estava aqui em cima de uma mesa, um grande destaque para a "vida de luxo dos youtubers portugueses". É este o título que chama a atenção para um grupo de jovens que se fecharam numa casa, ao estilo Big Brother, numa estratégia de marketing que visa fazer crescer, ainda mais, a sua rede de seguidores que, no total, ascende a 11 milhões.

 

Mas não são os números que me entristecem, é o que se passa naqueles vídeos. Curioso, fui procurar e cliquei logo no primeiro deles e não faço referências a nomes porque, honestamente, custa-me fazer publicidade a este tipo de conteúdo. vejo dois ou três, para ter a certeza que não estou a cometer uma injustiça ao dizer alto e bom som: "Mas que merda é esta?". E porque razão têm estes vídeos milhões de visualizações e seguidores?

 

Num deles, nada mais do que um rapazola, que deveria estar a trabalhar e a preparar o seu futuro, a fazer experiências com ácido sulfúrico. Dentro do que aparenta ser uma garagem sem as mínimas condições de arejamento, dedica-se a replicar uma experiência que até já existe feita por outros energúmenos no Youtube, a queimar esponjas despejando em cima delas ácido sulfúrico.

 

O que me chateia nisto, não é o facto do rapaz se poder queimar, ficar com os pulmões danificados por causa da inalação dos fumos resultantes da queima, mas sim porque, tal como são rotulados pelas empresas que os patrocinam, são influencers. Ou seja, influenciam os millenials, jovens que olham para eles como exemplos de pessoas que, a fazer asneiras, podem ganhar milhões. Tal como referem na "notícia" do Jornal de Notícias, deixaram de estudar para se dedicar a esta vida de youtubers.

 

Estou triste porque a minha filha está a crescer, não a vou fechar numa redoma, e sei que vai ser influenciada pelas modas, tal como eu fui quando era jovem. Tal como sou enquanto adulto. Mas, quando era novo, as coisas parvas demoravam mais a propagar-se e quando chegavam, por norma, já se sabia dos efeitos nefastos, das tragédias ocorridas por experiências levadas a cabo pela ignorância da juventude.

 

Hoje, com três anos, pega no telemóvel e mexe como se já tivesse nascido ensinada. Vê um qualquer ecrã  e arrasta com o dedo, está totalmente focada nas tecnologias. Não sei se é bom ou mau mas sei que consegue descobrir o Youtube, consegue navegar, e quando dou por mim, está a ver todo o tipo de vídeos.

Nos negócios, vale quase tudo. Mas recuso aceitar que possa prevalecer a aposta em conteúdo de merda. 

Vamos deixar de lado o facto de eu poder, simplesmente apagar as aplicações, ou nem sequer a deixar mexer. Ela vai ter acesso de que forma for. Eu, ainda me lembro da forma como conseguia furar as proibições para ter acesso à Gina e Playboy. Ainda me lembro da moda que consistia em tentar fazer desmaiar o outro com pressão no peito.

 

Quando um jovem lê este artigo de um jornal de renome e pensa no que vai ser quando for grande, talvez youtuber seja a profissão certa. Porque, certamente, olha para os pais, a trabalhar honestamente, a não os vê ser alvo de notícias e muito menos titulados de milionários.

 

Quem paga a parvoíce destes jovens? As empresas cujos olhos brilham pelos milhões de seguidores, empresas que querem estar junto dos millenials. Mas, será a melhor estratégia estar junto a conteúdo de má qualidade? E não me venham com o argumento dos milhões porque isso consegue-se comprando tráfego.

 

Abro aqui um parêntesis para salvaguardar que lá pelo meio haja algum vídeo cuja qualidade até me possa convencer, mas recuso-me a vê-los a todos.

 

Há dezenas de sites que vendem tráfego, likes, "amigos" para as redes sociais. É isso que as empresas, as marcas que investem em publicidade procuram? Então, talvez seja bom recomendar que todos comecem a fazer vídeos parvos, a colocá-los no Youtube e a montarem uma estratégia de angariação de seguidores. Ao primeiro milhão, haverá jornais, televisões, a fazer notícia e a contribuir para um crescimento viral ainda mais rápido. Daí, aos 11 milhões, é um pequeno passo.

 

Se uma empresa me pagar 2 mil euros para fazer um vídeo a dizer asneiras e a queimar esponjas com ácido, ou a pegar fogo a um carro, porque não, posso gastar 700 a comprar tráfego, 100 mil visitas garantidas. No segundo, já me vão pagar mais e posso comprar um pouco mais, e por aí adiante.

 

Pessoas do marketing, talvez esteja na altura de abrir os olhos e começar a olhar para a qualidade. Jovens ou velhos, o conteúdo deve ter qualidade. Pode ser diferente mas, já agora, "bora" lá gravar uns vídeos a apalpar uns rabiosques no metro. Pelo meio, levamos umas valentes chapadas mas são visualizações garantidas!

 

Quanto aos pais, se forem como eu, fujam das empresas que apoiam este tipo de comportamentos, se não for isso que querem que venha a influenciar os vossos filhos! Lembram-se do que se passou no Reino Unido, quando o Grupo Havas decidiu retirar todas as campanhas do Youtube porque os seus anúncios estavam a aparacer junto a conteúdo extremista e xenófebo? Isto sucedeu porque o responsável do Grupo Havas do Reino Unido sentiu isto mesmo. Mas rapidamente foi abafado pelo CEO internacional, que quem sabe, com receio de represálias do próprio Google, fez uma declaração a afirmar ter sido uma decisão local e que iria averiguar o que se teria passado.

 

Há pessoas a colocar conteúdo útil no youtube, e alguns deles com uma qualidade de realçar (não falo de gravação ou ediçao, mas de conteúdo) mas não são esses a valer os tais milhões. Porque será?

 

Nos negócios, vale quase tudo. Mas recuso aceitar que possa prevalecer a aposta em conteúdo de merda. E sim, merda é uma palavra feia, mas talvez seja esta a única que vão memorizar de tudo o que escrevi!