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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Há vacina contra a raiva?

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Odeio ter de escrever sobre coisas que magoam e esta magoa muito. Morreu uma criança, um ser humano, filha de uma mãe que está em sofrimento. Somos atraídos pela raiva, pelo espanto de haver pessoas que tomam uma decisão de vida diferente. Antes de falar sobre a questão das opções de vacinação, vamos esclarecer uma coisa: aquela mãe também ama os seus filhos e hoje perdeu uma.

 

Não haverá ninguém a sofrer mais do que a mãe e o pai desta criança. Não haverá maior peso na consciência do que aquele que os vai perseguir para o resto das suas vidas. E se tivessem vacinado a menina?

 

Mas isso, é um peso grande demais para dar importância àquilo que estão a sofrer graças ao acesso fácil que todos temos a ferramentas que potenciam o apedrejamento público. Temos as redes sociais repletas de calhaus prontos a atirar pedras. Mas, pensem bem, se calhar até são cristãos, "aquele que nunca pecou, que atire a primeira pedra". Aquele que nunca fez um movimento que seja, um descuido, que possa ter colocado a vida dos filhos em risco, que se chegue à frente. Sim, conduzir de forma estúpida também conta!

 

E, será que esta mãe pecou? Tomou uma decisão errada, aos olhos daqueles que defendem a vacinação, mas pecou? Todos os pais já ouviram, certamente, da boca dos seus pediatras, profissionais e saúde, pessoas em quem confiamos a vida dos nossos filhos, dizer que se calhar não vale a pena dar esta ou aquela vacina. Talvez nunca tenham ouvido em relação à VASPR - vacina tríplice contra o sarampo, papeira e rubéola. Mas haverá outras. E, quantos estudos são apresentados sobre os riscos e efeitos secundários da vacinação.

Na cabeça daquela mãe, haverá uma só pergunta que a vai assolar o resto da vida: E se...? 

Trata-se de uma avaliação de riscos, e cada um tem o direito de fazer os seus porque a lei o permite.

 

Quantas crianças ficaram prejudicadas por causa das vacinas? É claro que os números são inferiores e, pessoalmente, acredito que as vacinas ajudam mais do que prejudicam. Mas é uma crença, não uma certeza. Porque essas, nem os médicos ou diretores gerais da saúde podem ter.

 

Por isso, mesmo que não perceba, tendo em conta aquilo que sabemos, é perfeitamente aceitável que haja pessoas que optam por não vacinar os filhos. E, nalguns casos a coisa corre bem. Pode ser sorte ou simplesmente porque graças à vacinação de todos os outros as doenças "desaparecem". Claro, tal como os que vacinam, correm os riscos que daí advêm e têm de viver com as suas opções.

 

Podemos, como sociedade, juntar esforços para que haja um maior consenso em relação à importância da vacinação mas não temos o direito de julgar desta forma, em praça pública, uma mãe por optar por outra via.

 

O tema é grave, claro, porque implica a morte de crianças e se trata de uma doença que já estava erradicada. Talvez por isso os pais que são contra a vacinação devessem olhar para o tema com outros olhos. Talvez devesse haver um contexto legal vinculativo relativamente às vacinas mas, aí, teríamos de discutir o direito das pessoas a não ser tratadas e julgar em praça pública aqueles que defendem, por exemplo, a eutanásia.

 

Não, não é diferente. As pessoas têm direito a recusar tratamentos. O princípio, goste-se ou não, é o mesmo. Eu, pessoalmente, não gosto. Acho que se deve fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para proteger a saúde e a vida dos nossos filhos. Acho que se deve lutar para convencer os pais que optaram pela não vacinação para os riscos reais que correm. Olhar de forma séria para o tema e, tal como há uns anos, legislar sobre a matéria.

 

O Plano Nacional de Vacinação existe, mas não é obrigatório, deveria ser? Lembro-me de quando andava na escola ter de apresentar o boletim de vacinas em dia. Sem isso, não podia fazer a matrícula. E quantas vezes tive de ir a correr levar a vacina para poder fazer a matrícula. Hoje não é assim!

 

Hoje em dia, nenhuma escola pode recusar um aluno por não ter as vacinas em dia ou por ser de uma religião ou etnia diferente.

 

E, para que exista uma vacina, sabem que é preciso fazer experiências em animais e numa fase posterior em humanos? Sabem quantos animais morrem e sofrem por causa destes testes? Para chegar aqui, há sacrifícios e opções a fazer. Por isso, quando criticamos, é preciso ver o quadro geral e não apenas aquele momento em que levamos as crianças para ser picadas.

 

Temos todos muita raiva (e muito espanto quando sabemos que, se calhar, esta vida teria sido poupada graças a uma vacina) mas, teremos o direito de atacar uma mãe desta forma? Não se trata de dar a nossa opinião, de fazer uma crítica porque o sistema legal permite que se tome essa opção, trata-se de afirmações agressivas, de raiva, algumas que sugerem mesmo a morte da mãe! Existe uma vacina contra a raiva e talvez a devessemos todos tomar.

 

E, já agora, para aqueles que defendem que as crianças não vacinadas devem ser isoladas, pensem bem naquilo que estão a verbalizar. Já agora, colocamos as crianças com outro tipo de condições em colégios só para elas... criticam as decisões dos pais, dizem que os pais não devem ter essa opção sobre os filhos, e, ao mesmo tempo, defendem que estas crianças devem ser impedidas de frequentar as escolas e espaços públicos. A sério?

 

Já pensaram bem na alimentação dos vossos filhos? Será que aqueles que optam por produtos biológicos estão no caminho certo? E será que podem julgar violentamente os pais que dão aos filhos alimentos não biológicos? Ou quem está certo são aqueles que se tornaram vegan e eliminaram tudo o que é carne da alimentação dos filhos? Quantos médicos se depararam já com crianças a precisar de comer carne por falta de nutrientes que se encontram na carne?

 

São perguntas retóricas, e muitas mais haverá a colocar. Certamente, na cabeça daquela mãe, haverá uma só pergunta que a vai assolar o resto da vida: E se...?

 

 

 

ESCLARECIMENTO: Para que fique claro, sou a favor da vacinação para proteger ao máximo deste tipo de doenças que, no passado, provocaram a morte de milhares de crianças e adultos e acredito que o Governo deveria tornar obrigatório o cumprimento do Plano Nacional de Vacinação.

Pai, como é que eu arranjo um homem?

Pai, como é que eu arranjo um homem?

Desde que fui pai, há três anos e meio, que estou preparado para, lá aos 14 anos, ter de lidar com as questões amorosas da filha. Se calhar antes, mas nunca pensei que estas perguntas surgissem aos três anos de idade. O título pode estragar a surpresa, mas há mais!

 

Ao longo dos últimos meses, tem sido fantástica a evolução ao nível da fala, da conversação. Inventa histórias, ouve as que lhe lemos com muita atenção e depois, pega nos livros e ela própria vai folheando e contando, como se estivesse a ler. Pelo meio, algumas variações curiosas.

 

De vez em quando, respostas e reações que nos deixam espantados. Uma das mais recentes já a partilhei mas aqui fica de novo. Pede-me para encher balões, dauqueles saquinhos comprados no supermercado feitos de material bastante fraco. Mas, no meio, um que parece couro e que quase me rebenta os tímpanos a fazer força para o tentar encher.

Reação dela perante o meu esforço inglório: - Então pai, és um homem ou quê?

 

Começam cedo a "picar" a nossa masculinidade, a desafiar. E não é que tenha alguém a dar-lhe conselhos nessa matéria. Esta é também uma prova da existência de diferenças entre masculino e feminino. Diferenças saudáveis que nascem connosco. Apesar de lhe chamar princesa, não a obrigo a brincar com bonecas nem impeço que jogue à bola. Aliás, o número de bolas que tem em casa é prova disso mesmo. Não se trata de machismo, a afirmação que faço mas antes realçar que esta "guerra dos sexos" existe e já nasce connosco.

Foi neste momento que ri, porque a pergunta tem piada mas também porque não fazia ideia do que responder! Encolheu-se, a sorrir, envergonhada. 

Na sua inocência, lá surgem as perguntas óbvias:

- As meninas têm pilinha?

- Não, quem tem são os meninos. As meninas têm pipi!

- E porque não posso fazer chichi em pé como os meninos?

- Porque não tens uma pilinha e depois ficas toda suja!

- Mas porque é que não tenho uma pilinha?

- Porque és uma menina!

 

Bem, por vezes tenho de dedicar mais tempo à conversa para tentar explicar. Não tem sido fácil, mas é fantástico. E aterrador, ao mesmo tempo. Mas faz parte do processo. E há mesmo momentos de quase pânico:

-Pai...

Grita ela da casa de banho, porque já faz questão de ir sozinha.

- Vou fazer chichi de pé...

Lá vou eu a correr, desesperado a tentar evitar o óbvio.

- Não, filha. Vais ficar toda molhada...

Chego lá e está a rir, a gozar com o meu desespero!

 

E, ontem, fui apanhado de surpresa com a conversa. A prima (já maior de idade) está grávida e ela já contactou com outras amigas nossas nesse estado. E por diversas vezes ouviu dizer que têm um bebé na barriga. Por isso, obviamente, deveria estar à espera, mas não estava!

 

- Oh pai, eu vou ter um bebé na barriga?

- O quê?

- Vou ter um bebé na barriga?

- Se quiseres, um dia, quando fores crescida!

- Mas eu sou crescida, já não sou um bebé...

 

Claro, onde tinha eu a cabeça...

 

- Sim, filha, mas quando fores crescida, assim como a mamã!

- Oh pai, como é que eu arranjo um homem?

 

Foi neste momento que ri, porque a pergunta tem piada mas também porque não fazia ideia do que responder! Encolheu-se, a sorrir, envergonhada. Não a podia deixar sem resposta, a pensar que tinha perguntado algo de errado.

 

- Quando fores adulta, vais perceber. Vais encontrar alguém que te respeite, goste de ti e te faça rir.

- Tu respeitas-me?

- Oh filha, eu acho que sim... E adoro-te muito. Mas é diferente... fiz uma pausa. Se calhar estava a ir longe demais na explicação.

 

Por sorte, ou porque percebeu o meu embaraço, foi ela que mudou de tema, e deixou-me com mais tempo para preparar as respostas. Mas não sei se consigo e até tenho medo das perguntas que aí vêm a seguir!

 

Como diz a educadora entre gargalhadas: - Está a crescer!

 

Pois está, e depressa!