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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

O buraco da frente, o do traseiro e a falta de noção

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Quando era miúdo, recordo que tínhamos a noção, ou a total falta dela, sobre aquilo que é a morfologia do corpo feminino, principalmente no que respeita à vagina. Para nós, a prática sexual seria enfiar o palito a direito num buraco que as meninas teriam á frente.

 

É preciso recordar que, ao contrário do que sucede hoje em dia, com a Internet, havia pouca informação, principalmente gráfica, relativa à morfologia. Abundavam as Ginas, Playboys e outras revistas pornográficas, proibidas e desejadas, escondidas no meio das silvas para serem apreciadas em pecado e desobediência aos pais. Mas não eram propriamente manuais de biologia.

 

Mas, felizmente, os tempos mudaram e mesmo nós aprendemos que o único "buraco" que as mulheres têm à frente é o umbigo (vamos deixar de fora a boca, o nariz). E que, para chegar a vias de facto, seria preciso mais do que bater de frente contra uma parede, numa espécie de atitude semelhante a uma broca a furar uma parede onde não existe buraco para a bucha e parafuso.

Fica o alerta para quem ainda não saiba, esse buraco não está, propriamente, à frente... 

Por isso, quando nos dias de hoje, em plenas férias, me chegam informações sobre uma entidade que quer designar a vagina por buraco da frente, recordo-me sempre da anedota que diz que deus é muito irónico por se lembrar de colocar um parque de diversões mesmo ao lado da saída de esgoto.

 

A anedota pode até ser de mau gosto mas, realmente, há limites para a paciência deste tipo de "inovações". Como é possível haver uma entidade, seja qual for, no caso a Healthline, a usar o termo “buraco da frente” em vez de “vagina” para ser mais inclusivo. Talvez se tenham sentido inspirados pelo "Porta dos Fundos".

 

Não percebo onde está a inclusão, para além da já referida falta de rigor morfológico. Como se pode verificar na foto que ilustra este texto, acreditem, ali por baixo daquele triângulo da cuequinha, até lá abaixo, não existe nenhum buraco. No limite, começa a "rachinha", já que estamos na onda dos termos inclusivos.

 

Até sou capaz de aceitar as conversas sobre os dramas das mulheres que afinal são homens presos em corpos de mulheres e de homens que afinal são mulheres presos em corpos de homem. Mas, daí a tentar negar a existência de uma vagina vai uma distância insana.

 

Talvez seja porque se recusam a olhar para a vagina que pensam que o "buraco está na frente", não faço ideia, nem me interessa aprofundar as razões que levam a esta falta de rigor.

 

O site de saúde Healthline, juntamente com a Rede de Educação Gay, Lésbica e Heterossexual (GLSEN) e Advocates for Youth, publicou o Guia LGBTQIA Safe Sex, que expande a atual terminologia sexual.

 

“Para os fins deste guia, vamo-nos referir à vagina como o “buraco da frente” em vez de usar apenas o termo médico ‘vagina'. Esta é uma linguagem de género inclusiva que considera o fato de que algumas pessoas trans não se identificam com os rótulos que a comunidade médica atribui aos genitais”.

 

Já agora, se calhar, em vez de pénis deveria ser usado o termo espeto dianteiro, ou ponta de lança. Nada disto é grave e apenas é empolado pelas redes sociais, ávidas deste tipo de temas "virais", porque é de um vírus que se trata quando chegamos a este tipo de discurso.

 

No entanto, é relevante olhar para aquilo que se vai fazendo e crescendo e que, de um dia para o outro, pode até surgir como uma proposta na Assembleia da República por um qualquer partido populista.

 

O termo resulta de um estudo publicado pela BMC Pregnancy and Childbirth, onde dez homens transexuais fizeram recomendações de terminologia que pudesse ser alterada com o propósito de, com isso, ser mais inclusiva. No estudo, para além do termo “front hole” em vez de “vagina”, sugere-se a utilização do termo “chestfeeding” (amamentar ao peito) em detrimento de “breastfeeding” (amamentar à mama).

 

Já agora, alteramos a nossa condição de mamíferos e passamos a ser designados como "peitíferos", para não ferir suscetibilidades. A falta de noção destas atitudes fazem com que, em vez da defesa de direitos legítimos de todos os que desejam ter opções sexuais diferentes das dos heterossexuais, se entre no campo da "palhaçada".

 

O assunto é sério demais para cair no ridículo. Principalmente porque, e fica o alerta para quem ainda não saiba, esse buraco não está, propriamente, à frente...

 

Pelos vistos, podemos "roblar", desde que sejamos de esquerda

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O caso mais recente que envolve um político a negócios, neste caso, a negócios de especulação imobiliária, ganhou contornos mais graves devido à incoerência dos discursos do partido a que pertence Ricardo Robles do que ao negócio propriamente dito. Que, a bem da verdade, nada aparenta ter de ilegal.

 

No entanto, ainda é preciso esclarecer como consegue um político com uma declaração de vencimentos conhecida, adquirir aquele imóvel (e pelos vistos outros), ou como consegue pagar o empréstimo contraído junto da Caixa Geral de Depósitos que, qualquer um dos portugueses, nas mesmas condições de rendimentos se vê impossibilitado de realizar.

 

Mas, aquilo que me faz escrever aqui sobre o tema é a tal incoerência de discurso e a tentativa que existe, a campanha bem montada nas redes sociais, de fazer do tema algo "normal". A líder do partido, que tantas vezes acusou outros de imoralidades por terem negócios idênticos, fala de perseguição a Robles. E aquilo que todos se questionam é: "Mas roubar é bom, desde que sejamos de esquerda?"

 

E custa assistir a todas as tentativas de manipulação da opinião pública com a recordação de casos que envolvem políticos de partidos da direita. Pessoas, algumas, que estão a ser julgadas, e bem, pela justiça mas que já são momentos passados. Agora, no presente, é preciso olhar para aquilo que se apregoa.

A culpa é um ato de contrição de todos e cada um de nós em dia de eleições.  

O Bloco de Esquerda faz lembrar os médicos que mandam os pacientes parar de fumar e vão ali ao canto fumar o seu cigarrito entre consultas. Com uma diferença, é que fumar faz realmente mal e fazer negócios, dentro da lei, não. Ricardo Robles teria de se demitir numa situação normal? Não, porque nada fez de errado (pelo menos até se esclarecer a questão da dívida ao banco, do empréstimo, da origem dos capitais que permitiram todo o negócio).

 

No entanto, tem de assumir (e assumiu) a responsabilidade e a coerência perante o discurso do partido. Tal como o partido, como um todo, deveria assumir responsabilidades pela falta de coerência para com o seu manifesto. Tudo porque gosta de sentir o poder.

 

O maior problema da história dos políticos e da impunidade com que, da esquerda à direita se atropelam leis e justiça, são os cidadãos que embarcam na onda da defesa dos partidos que lhes foram infiéis. Nada de errado, mas será que devem continuar a confiar neles?

 

Como portugueses somos ótimos a satirizar, a inventar chalaças para a desgraça. Mas quando chega o momento do voto, há que assumir uma postura de responsabilidade, destapar os olhos e ver aquilo que realmente se apresenta a votos. E, como é óbvio, mais do que aceitar tudo só para manter um partido a governar (mesmo que isso implique mentiras, jogos de manipulação de estatísticas) é preciso pensar no futuro da Democracia e exigir responsabilidades.

 

Sair à rua não é apenas quando o Sindicato manda. Já agora, são organizações que, hoje em dia, de pouco ou nada servem porque, no dia em que exista a chamada paz social, as pessoas que fazem carreira nos sindicatos perdem a sua razão de existir. É assim como a polícia, se deixar de haver ladrões, eles existem para quê?

 

Por isso, este caso de Ricardo Robles, que afeta um dos partidos mais críticos no que respeita à especulação imobiliária, é apenas uma pontinha do glaciar que se começa a soltar. Já se sabe, por exemplo, que Catarina Martins também possui, pelo menos, uma unidade de Alojamento Local que montou com apoio de Fundos Comunitários. Sim, dinheiro da União Europeia, organismo que o Bloco de Esquerda tanto critica e que, por sua vontade, já tinha acabado.

 

O discurso só existe para soundbites. Para aplicar aos outros. Não escrevo por ser novidade, mas porque já há uns tempos que decidi que deixaria de escrever sobre política. Porque odeio rótulos, porque acima de tudo defendo a democracia e a justiça. E, muito importante, para mim os políticos deveriam ser responsabilizados pela má gestão, seja de esquerda, centro ou direita. Mas com um processo judicial célere, sério e específico.

 

Porque se uma pessoa sem dinheiro é detida porque é apanhada a roubar um pão para alimentar os filhos e o seu julgamento é rápido; porque razão quem rouba milhões, gere o país de forma irresponsável e é, quase sempre, o principal culpado para que aquela pessoa chegue ao desespero de roubar um pão, goza de liberdade, passa anos em processos e em liberdade, acaba por ser "safo" pela prescrição?

 

E, por favor, não me venham com a conversa do "ah, claro, é normal, é a esquerda caviar". Quando entramos neste discurso de aceitação, estamos a desculpar e a permitir que estas situações continuem a ser a prática comum.

 

A culpa é um ato de contrição de todos e cada um de nós em dia de eleições. Por minha culpa, minha tão grande culpa... Só que no caso da política, em vez de ir à Igreja, bater com a mão no peito e sair com a satisfação dos pecados perdoados, é preciso agir e deixar de vez a defesa da dama só porque se tende para a esquerda ou direita. Temos de ser coerentes com as nossas convicções.