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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

O perigo e estupidez de misturar todas as coisas

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O tema de "discussão" desta semana na Internet é a intervenção de um professor universitário no programa Prós e Contras. Disse o professor (e não estou a usar o nome de forma propositada, sabendo que isso até vai influenciar de forma negativa o SEO da pesquisa) que "a avozinha ou avozinho vão lá a casa e a criança é obrigada a dar o beijinho à avozinha ou ao avozinho, isto é educação. Estamos a educar para a violência sobre o corpo do outro e da outra desde crianças".

 

Este raciocínio é interrompido por Fátima Campos Ferreira que, espantada, tal como estaríamos todos ao ouvir aquela frase, questiona: "Não estou a perceber, o beijinho da avó e do avô é uma violência?" Devo dizer que, enquanto jornalista, no lugar de Fátima Campos Ferreira, teria feito exatamente o mesmo!

 

E o professor confirma: "Sim, sim. Eu estou a dizer que obrigar alguém a ter um gesto físico de intimidade com outra pessoa, como obrigação coerciva, é uma pequena pedagogia (e, entretanto, faz referência a Foucault) que depois cresce e o que é que acontece? Nós depois vemos os estudos com os jovens adolescentes e 40 e tal por cento deles, e delas também, acham normal que os namorados ou a namorada lhes controle os telemóveis e por aí adiante...". E por aí adiante, dizemos nós todos os que ficaram sem perceber como é que se chega do beijinho à avó ou avô a uma "obrigação coerciva".

 

No entanto, apesar de poder causar estranheza, e de se tratar de um professor universitário, que desconheço totalmente, a não ser o pouco que me passou pela frente e este pedaço de vídeo, e sobre o qual não sei as valências que possui, conseguiu marcar um ponto numa discussão já antiga e que, se nos dermos ao trabalho de pesquisar, nem sequer é uma teoria nova. 

 

Afinal, perante a recusa ou desconforto de uma criança perante determinado adulto, seja ele o avô, a avó o tio ou a prima, é responsabilidade dos pais ouvir e tentar perceber o que se passa. Basta saber que cerca de 90% dos abusos sexuais contra crianças são perpetrados por familiares.

 

Mas não é disto que estamos a falar, amigos e amigas que saíram em defesa do professor porque são pessoas com voz e presença nos jornais e gostam de ser politicamente correctos. Misturar tudo na mesma discussão, é perigoso e estúpido e considerar isto normal, aí sim, poderemos estar perante um esgoto hipócrita. Porque, há que separar estes casos da boa educação, da intimidade, dos mimos, dos beijos, e regras que cada família pretende incutir nos seus filhos, dos atos de agressão sexual.

 

Há quem eduque a dar apenas um beijo, há quem diga aos filhos homens que os beijos são apenas para as mulheres e para os restantes, apertos de mão, há de tudo um pouco. Mas estamos sempre prontos a criticar.

Afinal, e sem querer entrar em demasiados pormenores, pior do que um beijinho à avó ou avô, porque isso é violência contra o seu corpo, será considerar "normal" amarrar uma pessoa com cordas para prazeres sexuais. 

Porque, vamos ver: se defendemos esta afirmação do professor universitário, temos de aceitar que um homossexual vai educar uma criança de acordo com a sua forma de pensar. Tal como defendemos que um professor numa escola católica, vai educar as crianças de acordo com a sua linha de pensamento ou juntar a isto o Islão e os seus ensinamentos para a violência contra o Ocidente. Pois é, talvez misturar tudo seja uma estupidez. Talvez! A verdade é só uma, fosse esta mesma afirmação, feita por algum professor ligado a um partido como CDS ou PSD, e já teríamos as forquilhas políticas apontadas ao autor, ou autora da afirmação!

 

Enquanto jornalista de certeza que teria feito alguma pesquisa sobre este "convidado" para falar num programa sério da televisão pública.

 

Mas o pior desta história não se limita ao que o professor disse, foi infeliz, na forma como o disse. O pior é a repercussão que isto teve nas redes sociais e o reflexo nos principais jornais de "referência" que seguem de forma cega as alarvidades "impostas" pelos autodenominados especialistas da Internet que se regozijam e ganham dinheiro em formações a dizer a jornalistas como devem escrever. Com devem ir atrás da construção de títulos e temas clickbait, sem terem a menor ideia do que é o jornalismo.

 

E mais culpados são os diretores de jornais que permitem que tal suceda e se disponibilizam a pagar mais do que pagam de salário a um jornalista. Os números falam mais alto e de nada interessa devassar a vida de uma pessoa porque emitiu uma opinião. Por mais espanto que possa provocar a declaração do professor universitário, vivemos em Democracia e Liberdade de Expressão. Principalmente quando estamos a falar de uma declaração (talvez verbalizada da forma errada na televisão pública) que faz todo o sentido quando analisamos ao pormenor o que está por detrás dela.

 

O professor, desconhecido até então, atingiu níveis de notoriedade que levaram jornais ditos sérios a devassar a sua vida privada e orientações sexuais. Sobre isto, haverá umas linhas mais à frente.

 

Pedofilia em casa

Para aqueles que não sabem, ou se esqueceram, a maioria das violações e atentados sexuais contra menores são perpetrados por familiares. Por muito que custe ouvir, o avô e a avó, os velhinhos simpáticos, mas também tios e tias e até os próprios pais e mães, estão na linha da frente da pedofilia.

 

Por isso, há que ter em conta este facto e ouvir, estar atento, criar laços de confiança com as crianças de forma a que elas não se remetam ao silêncio caso sejam alvo de algum abuso. Mas vamos à questão da mistura.

 

Isto é uma coisa, a outra é generalizar que as criancinhas não devem beijar os avós. Que bem que sabem, e fazem, os carinhos e miminhos de um neto ou neta. Acham normal uma criança recusar um ato de carinho como este a um avô ou avó? Algo de muito errado está a suceder com aquela criança. Ou não sabe o que é carinho ou entramos no outro nível de discussão que é bem diferente deste.

 

Porque, quando alguém educa uma criança, também está a passar os seus princípios. E, se defendemos que um pedófilo pode induzir uma criança a pensar que os abusos são normais (porque para o pedófilo talvez sejam), temos de aplicar isto a qualquer outro tema. Religioso, orientação sexual, musical, etc... tudo aquilo que somos tem influência sobre as crianças. Portanto, se para um adulto for normal a prática do sadomasoquismo, talvez este considere que não tem problema educar uma criança de acordo com estas suas crenças.

 

Um professor religioso, certamente irá orientar as crianças numa espécie de doutrina (creio que ninguém duvida) tal como um sadomasoquista poderá achar normal educar segundo as suas próprias crenças e orientações sexuais. E ai daquele que coloque um crucifixo na parede da sala de aula. Mas já será aceitável, para os mesmos que condenam esta atitude religiosa, que o professor fale sobre a "normalidade" da mudança de sexo (ficamos por aqui, por agora).

 

Afinal, e sem querer entrar em demasiados pormenores, pior do que um beijinho à avó ou avô, porque isso é violência contra o seu corpo, será considerar "normal" amarrar uma pessoa com cordas para prazeres sexuais. É incrível quando tentamos falar de uma coisa ter de apresentar o outro lado. Por isso, mais uma vez, vamos deixar isso para outra conversa!

 

Só quem tem filhos sabe que, desde pequenos, com três ou quatro anos, já assimilam tudo. A minha filha, por exemplo, chega a casa a falar de Miles Davis, artista que ficou a conhecer na escola. Porque a professora lhe ensinou isso. Tal como aprende outras coisas. Compete aos pais educarem de acordo com aquilo que consideram ser o mais adequado à vida do seu filho ou filha. Porque ao longo da vida, a não ser que esteja fechada em casa, vai ter contacto com todo o tipo de realidades, vai moldar a sua própria personalidade, seguir o caminho que decidir. Aos pais, pouco mais podem fazer do que tentar orientar de acordo com o que consideram ser o mais correcto, pois nem eles sabem bem quais as melhores atitudes a tomar perante determinadas circunstâncias. Esta incerteza faz parte da vida.

 

Acho mais grave os pais que educam os filhos a ofender o próximo, a entrar em lutas, a agredir, a ser invejosos com as suas coisas, do que os educar com carinho e sim, a dar o beijinho à avó ou ao avô. Tal como compete aos pais estarem atentos a qualquer recusa e a ouvir as crianças, a criar laços de confiança com elas para perceber a que se devem determinadas atitudes. Mas a criança não manda!

 

Depois pensamos, será que com tudo o que se adivinha, devemos educar os nossos filhos de forma mais rija, para estarem preparados para o confronto e saberem defender-se, sem ter preconceitos, incutindo-lhes uma educação primária, animalesca, mas que é crucial para a sobrevivência em caso de catástrofe? Sei lá eu...

 

A lei do supositório

Deve um pai, ou uma mãe, inserir um supositório a uma criança que grita, bem alto, em pranto, "isso dói, tira-me isso do rabinho. Estás a ser mau, aiiiii, tira-me isso do rabinho!" Até hoje, não sei como não me entrou a polícia pela porta devido a queixas dos vizinhos!

 

Devo dizer que está em causa uma febre a subir e que este é o único método possível, pois vomita o xarope que lhe damos.

 

Que violência é esta que, quando finalmente consigo fazer chegar o supositório ao destino me sinto como um violador, perante o peso de tudo o que se ouve? Será que deveria respeitar a vontade da criança e deixar a febre subir até entrar em convulsão?

 

Ou ter de ir para as urgências de um hospital onde, como sempre, sai de lá com mais doenças do que as que levava quando chegou? Para ser picada, mais uma vez, contra a sua vontade, agredida fisicamente por uma agulha... ou inserido o supositório por um estranho! E aqui, perde a confiança no pai que permite que um estranho a agrida e nada faça para a proteger!

 

E antes que comecem a dizer, "ah e tal, isso é diferente porque está doente..." devo recordar que há bem pouco tempo houve uma espécie de tentativa de permitir que uma criança menor pudesse levar os pais a tribunal caso não permitissem a sua mudança de sexo.

 

Ontem li um texto, do qual não coloco o link propositadamente porque me recuso a dar tráfego a coisas estúpidas, onde uma alegada especialista sexual (o que quer que isto seja) diz que devemos pedir autorização ao bebé para lhe trocar a fralda. Bem, devo lembrar aos que não são pais, e todos os que são certamente terão feito o mesmo, que este é um ritual obrigatório e regular na vida de um pai ou mãe. E que, obviamente, todos devem ter feito o mesmo. Por norma, numa situação normal, conversamos com o bebé, dizemos coisas parvas como "vamos trocar essa fraldinha que está cheia de cocó, vamos?"

 

Salvo alguma excepção que desconheço, dificilmente a criança responde. Interage, sim, abana as pernas e braços, sorri, mas faz isto quando se diz que vamos tirar a fralda como se estivéssemos a dizer que vamos ser invadidos por extraterrestres.

 

O que conta é a entoação. Portanto, desde que se peça com jeitinho, tudo certo?

 

Podemos dizer, deixem lá as misturas e o caso infeliz verbalizado pelo professor universitário. Deixem de devassar a sua vida privada e as suas opções e orientações sexuais. Mas quando uma pessoa vai para a televisão pública com afirmações como estas, e depois tem espalhado pela Internet uma série de fotos onde se expõe como expõe, é difícil de travar as redes sociais. Mas um jornal já tem obrigações diferentes. Nada do que os jornais publicaram tem interesse jornalístico.

 

Só para que saibam, a minha filha beija o avô, o único que lhe resta. E eu lamento o facto de não ter os meus, para os poder beijar. E sim, quando era pequeno, odiava a cena do dá um beijinho à senhora; dá um beijinho à avó, dá um beijinho à tia... Cresci, sinto-me sexualmente saudável, nunca me senti agredido, nem sequer tenho instintos estranhos...

 

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