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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Parabéns, Salvador. Mas como vai ser depois da euforia?

Salvador Sobral Eurovisão

 

Eu sou daqueles que desde o início manifestei espanto perante a euforia em redor do Salvador Sobral e do seu "Amar pelos Dois". A letra é bonita mas, essencialmente a interpretação, não me enche as medidas. Ainda bem, para o Salvador, que o júri do Festival da Canção pensa de maneira diferente e premiou com o primeiro lugar o representante português.

 

Mas, não pretendo escrever uma ode ao Salvador ou cair na tentação das comparações fáceis aos milagres de Fátima, ao facto de se chamar salvador e a vitória acontecer num dia em que o Papa visita Fátima para canonizar os pastorinhos e enaltercer o culto mariano.

 

Não acredito que seja este um dos segredos revelados há 100 anos por Nossa Senhora aos três pastorinhos. Coincidências, às quais se junta ainda o Tetra do Benfica? Talvez um dia venhamos a saber.

 Odeio as modas que surgem como ondas, vivem até à rebentação. Depois, fica apenas a espuma, que se vai desvanecendo. Até quando vai durar a euforia com Salvador Sobral?

O que importa realçar aqui, deixando de lado a conquista benfiquista e a visita de Francisco, é o passado e futuro de Salvador Sobral. Para os mais desatentos, ele já cantava antes do Festival da Canção. Tinha até editado um disco que pouco ou nada vendeu até há meia dúzia de dias em que a euforia festivaleira levou a uma corrida às lojas. "Está a vender bem, agora, ainda bem", realçou Salvador Sobral na conferência de imprensa após a conquista da Eurovisão. Eu, por exemplo, conhecia a irmã, mas desconhecia a sua existência. Ouvindo alguns temas antigos, recordo alguns que já me passaram pelos ouvidos, mas nada que me tenha ficado retido ou feito ficar fã.

 

Como artista, deve estar satisfeito mas ele promove uma paixão pela pureza da música e não por festivais, imagine-se. "A música não é fogo de artifício, é sentimento", defende o vencedor do Festival da Canção. Pois, para mim, que adoro um bom fogo de artifício, a música é também tudo isso. E as duas juntas podem fazer arrepiar até as almas mais duras.

 

Mas, como disse, aquilo que me leva a escrever este texto está mais realcionado com a euforia que continuo a não entender. Porque, reparem, se não fosse o Festival da Canção, provavelmente, morreria de fome, ou teria de procurar outros destinos para sobreviver da sua arte (como tem feito até aqui).

 

E este é também um alerta para dezenas, centenas de outros artistas que se encontram na mesma posição em que estava Salvador Sobral antes da Eurovisão, mas que não conseguiram, ainda, chegar à oportunidade conquistada pelo representante português no Festival realizado na Ucrânia.

 

Os eufóricos, estão prontos para encher as redes sociais de posts em favor dos artistas, cantores, atores, alguns até com provas dadas, e que vivem vidas de miséria?

 

Os 30 milhões

Agora, cabe à RTP, a Portugal, organizar a próxima edição do evento. 30 milhões de euros será o investimento necessário e já se começa a ouvir críticas sobre os custos. Mas isso agora não interessa nada. O que interessa é que Salvador tem pelo menos um ano para conseguir estar na ribalta. Depois, quando passar a euforia, voltará ao mesmo.

 

Os discos deixam de vender, o seu trabalho continuará a ser visto apenas pela meia dúzia que já gostavam e seguiam o seu trabalho, a fazer downloads piratas ou a ouvir as músicas no Youtube (sem pagar e sem dar o merceido lucro ao artista) e os astros voltam a alinhar-se. Transformar Salvador Sobral em "herói nacional" não é mais do que cavalgar a onda do marketing efémero que, mais rápido do que cria, destrói vidas e carreiras.

 

Podem atacar-me o que quiserem. Podem dizer e pensar até que sou um ateu. Mas não se trata nada disso. Odeio as modas que surgem como ondas, vivem até à rebentação. Depois, fica apenas a espuma, que se vai desvanecendo. Até quando vai durar a euforia com Salvador Sobral?

 

Para os eufóricos, talvez a letra diga mais do que pensam:

"Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez devagarinho possas voltar a aprender"

 

Aqui fica o vídeo da atuação na final