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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Pessoas que acham que são homens, e agridem verbalmente crianças de 4 anos

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Desde que sou pai, principalmente desde que começaram as idas aos jardins, que tive de aprender a lidar com as agressões por parte das outras crianças à minha filha. Os miúdos, para quem já se esqueceu de como era, podem ser muito cruéis entre eles e, há uns meses, a minha andou com o ombro partido por ter sido "empurrada" do escorrega numa das brincadeiras parvas que nos fazem crescer e testam a capacidade de sobrevivência.

 

As crianças são o reflexo dos pais, dos educadores. Está justificada a imagem que ilustra este texto.

 

Sempre que assisto a uma tentativa de "agressão" por parte de outra criança, que tento ser o mais diplomático possível, falo com os outros como falo com a minha filha, com respeito e tento ser o mais educado possível. Já tenho engolido em seco várias vezes devido às atitudes dos adultos e na maior parte dos casos opto por pegar na minha filha e ir passear para outro lado.

 

Desta vez, não foi isso que sucedeu. A minha filha e outra miúda, mais velha do que ela, decidiram brincar com as pedras do jardim do Parque Eduardo VII. Atira para ali, atira aqui e uma pedrita no olho que fez parar a brincadeira e o pai da outra miúda a falar com a minha como se estivesse a falar com a mãezinha dele.

 

Isso, não permito. Não percebi bem o que ele disse mas o olhar fulminante e a agressividade na voz dirigida á minha filha fizeram subir-me os azeites.

 

Dirigi-me a ele e perguntei: - "Há algum problema?"

- "Estava a atirar pedras à minha filha", diz-me, ainda com ar de quem toda a razão.

- "Pois, mas não admito que fale com a minha filha dessa forma", disse-lhe, olhando-o nos olhos.

- "Então devia ter feito alguma coisa", retorquiu.

- "São crianças, também têm de aprender a entender-se", tentei explicar-lhe.

E o tal senhor, que se acha mais macho por ameaçar uma crinaça de quatro anos, ainda tem a lata de insistir, "se já tinha visto, devia ter feito alguma coisa..."

- "Vi, e também vi que foi a sua que começou", afirmei.

Para os que, como este senhor, se acham machos por terem este tipo de atitudes, aprendam a ser homens! 

Bom, a coisa ficou por ali, com ele a remoer qualquer coisa entre dentes e eu a reafirmar que não se fala assim com uma criança de quatro anos, principalmente não sendo sua filha. Com a minha, não fala assim com toda a certeza.

 

Obviamente, a minha, em privado, levou uma reprimenda por estar com brincadeiras parvas. De tal forma que lhe escorreram lágrimas sem choro. Muda, calada, a olhar-me com aqueles olhos de quem está triste com a desilusão do pai.

 

Mas estas coisas sucedem. As crianças passam a vida a medir forças, a testar os limites, a descobrir novas formas de se magoarem. E os adultos, fazem o mesmo. Arranjam qualquer coisa para um confronto. Eu sou dos que tentam evitar ao máximo o confronto físico, sou assim desde que me lembro. Desde a primeira vez em que, mesmo sendo dos mais pequenos ao longo de todo o percurso escolar, dei por mim cego, a agredir um tipo duas vezes do meu tamanho.

 

Só voltei a ter um confronto idêntico já na tropa. Evitei ao máximo, e o outro, nunca mais o esqueço, de rosinha tatuada no peito, armado em galo de capoeira sempre a picar, a ameaçar com uma pontimola. Foi até me fundir o fusível e quando dei por mim, o tinha agarrado pelo pescoço, debaixo do meu braço, a bater-lhe com a mona no armário de metal.

 

Calma, desta vez não chegou a tanto. Sou mais contido, odeio discussões e violência, e é preciso muito para me fazerem chegar a este ponto de rebuçado. Mas falarem de forma ameaçadora para a minha filha, tirem o cavalinho da chuva, porque não o permitirei.

 

Por isso, vejam lá se percebem que quando se fala com crianças, se deve falar firmemente mas sem ameaçar porque do outro lado, está o pai ou a mãe da criança. E para os que, como este senhor, se acham machos por terem este tipo de atitudes, aprendam a ser homens!

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